Friedrich Nietzsche popularizou o hino do niilismo contemporâneo no livro Gaia Ciência: "Deus está morto e nós o matamos". O filólogo alemão, que era ateu fervoroso, não cria literalmente que Deus estava morto (pois nem cria em sua existência), mas que o homem ocidental estava num processo de abandono da sua visão de mundo teocêntrica que, em maior ou menor medida, predominou no ocidente até o Iluminismo.
Muitas pessoas, mesmo afirmando crer em Deus verbalmente, agem, no dia a dia, como se ele não existisse ou se estivesse inacessível a nós. Até mesmo quem frequenta regularmente cultos, participa de grupos de jovens ou coisas do tipo, pode ser um ateu ou um deísta praticante. Nós mantemos Deus longe sempre que decidimos tomar o seu lugar, procurando satisfação em qualquer lugar que não seja nele.
Alguém pode não crer em Deus por motivos racionais (acredita que não é lógico), emocionais (traumas) ou volitivos (simplesmente não quer), mas ninguém pode dizer que não faz diferença crer ou não. Na verdade, estamos como cegos tateando ao longo da história da humanidade aguardando, no fundo, a resposta para tão intrigante questionamento.
O apóstolo Paulo coloca essa questão exatamente nesses termos em Atos 17.26-27: "De um só fez ele (Deus) todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós."
Como William Lane Craig escreve, sem Deus e a eternidade, o ser humano não tem um padrão objetivo para determinar seu sentido, valor e propósito. Ou seja, sem Deus, o significado das nossas vidas é meramente subjetivo. Se dizemos que o ser humano importa e tem valor no universo, essa é apenas uma opinião, se Deus não existe. "Se a vida termina na sepultura, não faz realmente diferença se você vive como Stalin ou como Madre Teresa" como disse Craig ou, como colocou Dostoiévski, "Se não há imortalidade, (...) então, tudo é permitido"
Albert Camus dizia que só havia duas opções: aceitar o absurdo da vida ou entrar em colapso. Contudo, existe uma terceira opção, que é olhar para o sentido da vida que veio até nós. Ainda que o mundo o rejeite, o ridicularize os que creem na cruz, "aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus" (João 1.12).
Texto: Bruno Chaves
Engenheiro civil e líder da Mocidade para Cristo no Brasil (MPC) em Santa Maria